sábado, 12 de novembro de 2011

Desenvoltura de um Gênero, a estória

Por Rodrigo Nascimento




Dora Cassimiro Casmurro de Azevedo tem quarenta e dois anos, quatro filhos, porem um falecido, teve o primeiro com vinte e quatro anos, mas isso não diz nada do que essa mulher brasileira fez e por onde passou até completar a idade que tem hoje. Sem profissionalização e sem ter completado o ensino fundamental, gravida de seu primeiro filho morando numa cidadezinha no interior do estado e vivendo em uma casa de dois cômodos, porém sem emprego, se viu deparada com dificuldades, para conseguir sustentar-se, sendo que grávida e com as condições de ensino que se encontrava viu que não havia formas de sobrevivência, vendo-se então em fase de desespero.
Diante dessa dificuldade Dora via que deveria buscar ajuda de sua família, o problema era que eles moravam do outro lado do estado e sem dinheiro ela não sabia mais o que fazer. Com isso Dora buscou fazer algumas atividades de domésticas para conseguir o dinheiro necessário para poder viajar. Duas semanas se passaram e ela já havia conseguido o dinheiro, mas esse fator havia modificado, porque Dora começou a sentir dores, que em momentos do dia se tornavam insuportáveis, diante disto ela buscou apoio médico e descobriu que estava com um cisto no útero e que sua gravidez era de risco. Tendo que dividir o espaço do útero com um feto e um cisto, ela começou a ficar depressiva e imediatamente após isto foi sem atrasos para a cidade de sua família buscar apoio.
Durante toda a viagem Dora refletiu sobre ir ao encontro de sua família, pois não tinha certeza se a sua família a acolheria, diante de acontecimentos que ocasionaram esse afastamento. No passado aos dezessete anos Dora se afastou da família com seu namorado porque o pai era preconceituoso e não aprovava o seu romance com um gari. Agora Dora temia que seu pai não aceitasse o neto, filho de um gari.
Já na cidade de sua família Dora procurou o endereço que tinha em seus pertences e ao chegar ao local visualiza que no local já não vivia mais a sua família e se desespera, sem opções e nada para fazer Dora busca ajuda com a atual moradora do local que se sensibilizou com sua história e lhe concede um quartinho sem cama, mas que tinha um colchonete que lhe serviria para descanso. Dora estava sem o que fazer e então decide trabalhar e por questão de sobrevivência igDora sua situação de gestação. Conseguiu um emprego de doméstica e trabalhou até o penúltimo mês de gestação.
Muitas dores e cansaço antecederam o parto, um incidente fez com que a luta de Dora se tornasse algo de arrependimento, quando no dia do nascimento do filho Dora descobre que o perdera durante o parto. Dora ficou desolada e inconsolada entrou em melancolia e posteriormente a depressão começava a acabar de pouco em pouco com sua vida.
Dora perdera o homem que morava com ela para as drogas, e não havia quem a ajudasse agora, porem Dora sempre teve desejos e objetivos e isso a fez recuperar-se pouco a pouco. Conseguiu de um empresário que se sensibilizou com a história um terreno e materiais de construção, tinha tudo que necessitava menos mão de obra, mas isso não desmotivou Dora.
Dora buscou trabalhar como auxiliar de pedreiro e batia em todas as construções da região à procura de oportunidades, tudo era muito complicado porque Dora era mulher e não tinha conhecimento e nem mesmo grande potencial físico, diante desta dificuldade Dora insistiu e conseguiu, o problema era que o local era há sete quilômetros de distância do local onde morava, mas isto não desmotivou Dora. Durante vinte e um meses Dora todos os dias com um total de dez horas diárias ela permaneceu nesta construção e obteve muito conhecimento e dinheiro e por questão dos problemas de saúde Dora abandonou a construção.
Mas na vida de Dora ainda não havia ocorridos muitas mudanças. Dora iniciou então a construir um lar, durante três meses, todos os dias em baixo de sol e chuva erguia “tijolo por tijolo”, manteve se com o dinheiro que conseguiu trabalhando na construção. E como se não fossem suficientes as dificuldades de Dora, ela retoma os estudos.
Dora então reencontra um colega de trabalho que conheceu na construção, e com ele se junta para tentar formar uma família, e assim se passam se dias, meses e anos. Dora engravida de seu segundo filho, mas com um grau de risco maior por causa da primeira gestação e principalmente o cisto que lhe deixou marcas físicas e psicológicas, porem a vida de Dora já estava tomando um novo rumo, e tudo dá certo com sua gravidez e nasce seu segundo filho. E mais adiante Dora começa a crescer profissionalmente, ingressou na universidade pública e cursa engenharia civil, seu ingresso foi polemico, pois ainda havia aqueles que olhavam como se fosse um absurdo uma mulher fazer coisas que parecem difíceis para mulheres fazerem. Contudo os anos passam Dora se forma e tem mais dois filhos uma menina e um menino. Dora enriqueceu e se tornou reconhecida por seu trabalho que impressionou ao mundo, pois tinha a exatidão que se esperava porem com um toque feminino que abrilhantavam seus projetos.
A estória de Dora mostra as superações de que muitas mulheres encaram todos os dias, Dora e outras mulheres conseguem “substituir” com exatidão a homens. Segundo o dicionário Substituir é tomar o lugar, porém não é isso que aconteceu, o que Dora fez foi mostrar que uma mulher não tem diferenças em sua capacidade nem mesmo habilidades, e sim, somos todos seres humanos capazes de nos superarmos como pessoas e fazermos o que quisermos. Atualmente as mulheres abrilhantam em tudo o que fazem, há mulheres que exercem atividades que antes eram considerados trabalho de homem, devemos considerar este fato as mudanças que ocorrem na sociedade e seu grau de desenvolvimento. O que quero considerar agora é que essa questão está se ampliando, pois ainda a passos a serem tomados para que possamos dizer que vivemos num mundo igualitário. Houveram mudanças, se ampliaram os gêneros e novas barreiras são criadas todos os dias, não que esse fator seja um retrocesso mas são falhas que podemos e devemos considerar, somos seres humanos vivemos e aprendemos, mas sei que é possível resolver com exatidão.
Dora era uma mulher, que com o passar dos anos viu seu único filho crescer de forma diferente, gostando de coisas diferentes, coisas que são considerados de meninas, e esse fator se consolida quando esse garoto passa a ser adulto e descobre sua sexualidade, contudo Dora foi uma mulher que teve uma história de superações e já teve passado por momentos em que era linchada por estar tomando um rumo que para muitas pessoas ela não seria capaz e agora seu filho estava querendo quebrar preconceitos e ser, poder crescer e fazer aquilo que ele tanto sonha, e foi o que fez apesar dos olhares que o encaravam de forma de desaprovação o filho de Dora fez o seu futuro se abrilhantar, assim como o da mãe, pois cresceu com a base de uma mulher que deu exemplo da capacidade de cada pessoa.
Podemos considerar também de que para exatidão do desenvolvimento devemos educar nossos filhos dentro do que temos como filosofia, visando um bem comum, não precisamos de inimigos e nem acreditar que somos limitados, temos que ser abertos a tudo, muito capazes de visualizar que somos uma sociedade. Vamos abrilhantar nosso futuro com o que há de bom, fazer com que “o sol brilhe para todos”, sem distinção e preconceitos.

Luta de Mulher
NASCIMENTO, Rodrigo Henrique de Jesus.

Um comentário:

  1. Histórias reais de realidades alternativas... quantas Doras não existem nessa vida? Quantas mulheres que dia após dia, são impelidas a lutar, não tendo nada além da própria vontade de continuar?

    Ela e seu filho, que como milhares, tem de enfrentar preconceito todos os dias da sua vida. A luta nunca para. Nem pra um nem pra outro.

    Muito bom, Rodrigo!

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